Terreiro do Paço no século XVII 

Óleo s/ tela
Dirk Stoop. Londres
1662
Dim.: 1230 mm X 1725 mm


Esta obra constitui uma vista da principal praça e documenta a sociedade Lisboeta de seiscentos. Destacam-se crianças, cavaleiros, fidalgos, alguns acompanhados de criados ou moços militares, homens do clero e diversos tipos populares: negros, criadas e vendedoras. Junto do chafariz de Apolo, no centro do quadro, alguns aguadeiros enchem as bilhas enquanto outros se envolvem numa rixa. Perto do rio, carregadores entregam-se a trabalhos relacionados com a actividade marítima. Um coche, transportando supostamente D. João IV, atravessa a cena dirigindo-se ao palácio. Ao fundo uma parada militar saúda a chegada do monarca.
A ideia da construção dos Paços da Ribeira, junto ao Tejo, remonta ao reinado de D. Manuel I (1469-1521). Com o início das viagens marítimas, a cidade vem, aos poucos, abandonando a segurança das antigas cercas medievais, desenvolvendo-se ao longo do rio, que desde o século XV, se vai tornando o centro económico da Urbe.
Este palácio, inicialmente composto por um corpo rectangular, alongado e projectado em direcção ao rio, marcado, ao nível térreo, por um sistema de arcadas, rematado por um baluarte de cantaria com características militares, construído em 1508 por Diogo de Arruda. Esta construção fechava a Ocidente a praça designada por Terreiro do Paço.
Dirk Stoop, pintor e gravador holandês ao serviço de D. João IV (rei de 1640 a 1656), desde 1651. A obra em causa apresenta junto da assinatura e da data a designação da cidade de Londres o que nos leva a crer que a obra provavelmente foi executada ou concluída nessa cidade, quando o pintor integrou a comitiva que acompanhou a infanta D. Catarina de Bragança a Londres por ocasião do seu casamento com Carlos II.