A discussão está instalada em torno da Inteligência Artificial, um assunto que promete manter-se na ordem do dia. Importa identificar alguns benefícios, designadamente quando aplicada à gestão de recursos humanos, e riscos associados. Dá-se igualmente nota da tomada de posição europeia sobre a matéria.

A Inteligência Artificial (IA) apresenta benefícios potenciais para as nossas sociedades em diversas áreas, desde a educação à saúde, passando pela gestão de recursos humanos.

De acordo com o Grupo de peritos de alto nível sobre inteligência artificial da União Europeia, a inteligência artificial refere-se a “Sistemas que apresentam um comportamento inteligente, analisando o seu ambiente e tomando medidas – com algum grau de autonomia – para atingir objetivos específicos”.

A utilização destes sistemas visa, genericamente, economizar tempo, reduzir custos, ampliar proveitos/benefícios e aumentar a eficácia, independentemente da área onde são utilizados.

No que se refere à área da gestão de recursos humanos, o impacto da IA tem-se feito sentir, entre outros, no processo de recrutamento, com o intuito de o tornar mais eficiente, célere, preciso e personalizado.

A automatização de tarefas consumidoras de tempo ou repetitivas, como a análise e triagem de currículos, o histórico de trabalho e/ou a publicitação das ofertas nas redes sociais permitem acelerar o processo de seleção inicial.

A aplicação de técnicas que utilizam a IA, como o recrutamento preditivo, pretende prever quais os candidatos que têm maior probabilidade de serem bem-sucedidos em determinados postos de trabalho, ajudando a selecionar com maior precisão os mais qualificados. Além disso, a aplicação de testes que utilizam ferramentas de IA pode ajudar a avaliar, com maior exatidão, as competências técnicas, as capacidades cognitivas e os traços de personalidade dos candidatos.

As ferramentas de assistência em entrevista baseadas em IA são, igualmente, passíveis de facilitar a construção de perguntas estruturadas para as entrevistas e de avaliar as respostas, reduzindo a parcialidade/subjetividade e garantindo coerência ao processo de avaliação.

A IA permite, ainda, promover processos de recrutamento mais personalizados através da utilização de assistentes virtuais que mantêm os candidatos informados sobre o progresso do respetivo processo, respondem a dúvidas de forma rápida e gerem o calendário das entrevistas.

Contudo, a utilização da IA no processo de recrutamento apresenta, igualmente, potenciais riscos e considerações éticas, tais como a garantia de transparência, os preconceitos que os algoritmos possam conter (p. ex., racial, de género), a segurança dos utilizadores e a proteção dos direitos fundamentais.

Estes e outros riscos, identificados em várias áreas, justificaram a proposta da Comissão Europeia para a UE adotar um quadro regulamentar em matéria de inteligência artificial, de forma a garantir melhores condições para o desenvolvimento e utilização desta tecnologia inovadora.

Neste âmbito, a 14 de junho de 2023, os eurodeputados adotaram a sua posição de negociação sobre a legislação em matéria de inteligência artificial. As conversações com os Estados-Membros da UE irão decorrer no âmbito do Conselho, e o objetivo é poder chegar a um acordo até ao final deste ano.